Quem viver, verá.
- Roberto Icizuca
- 15 de fev. de 2024
- 2 min de leitura
Todos os dias, 1.921.971 pessoas completam 65 anos.
A estimativa é grosseira, segundo o próprio ChatGPT, mas expõe o abismo da representatividade dessa população enquanto público-alvo das startups.
Essa carência é global. Vale para o Brasil, e vale para o Vale do Silício.
Alguns números, com a ajuda da SeniorLab, para embasar o pensamento:
Em 2026, a Ásia terá 1,2 bilhão de pessoas com mais de 60 anos;
O público 60+ movimenta R$ 2 trilhões/ano, ou seja, 20% do PIB brasileiro;
65% deste público continua sendo o alicerce financeiro de suas famílias;
Os Boomers americanos detém 70% da renda disponível;
Ao contrário do que se pensa, a maioria utiliza computadores e smartphones com frequência. Mais de 60% acessam a rede social todos os dias.
Neste contexto, a disparidade entre os dados e a realidade é tamanha que me lembra o Paradoxo Fermi: “Onde está todo mundo?”
Nomeado em homenagem ao físico italiano Enrico Fermi, ele mostra a contradição entre a falta de informações sobre a existência de civilizações extraterrestres face a um número infinitamente grande de estrelas e planetas possivelmente capazes de abrigar vidas inteligentes.
Acredito que esse vazio no universo das startups tem dois motivos principais:
Carência de founders maduros que conheçam de perto os desafios do envelhecimento. Seja o próprio, ou de seus pais;
Vivemos numa sociedade viciada na idealização de uma juventude eterna;
Isso acaba criando um ambiente onde o pessoas mais velhas sentem-se invisíveis e desconsideradas pela comunicação e publicidade. Sentimento identificado por recente estudo da agência AlmapBBDO.
O publicitário Nizan Guanaes escreveu recentemente: “Eu tenho 65 anos, acabei de me formar em Harvard, sou consumidor ativo e quero me ver nas propagandas.”
Eu tenho 55 anos e quero me ver nas startups.
[spoiler alert: estou trabalhando para isso!]
Espero, inclusive, que os founders parem de insistir nas mesmas categorias e vão além de questões relacionadas a vulnerabilidades como remédios, suplementos alimentares, fraldas e planos de saúde.
Quero ver startups de games, web3, marketplaces, moda, entretenimento, mobilidade e inteligência artificial.
E já aviso: esse público é exigente, pois quanto mais o tempo passa, menos tolerância temos a serviços e produtos ruins.
Já vimos muita coisa nesta vida e não vamos cair em qualquer narrativa marota ou promessa exagerada.
Pessoas mais velhas tem coragem para se reinventar, desejo de deixar um legado e são seres motivados a viver a vida ao máximo.
Os 60+ tem muito LTV (Life Time Value) pela frente.
O Silver Tsunami vai chegar às startups. É inevitável e urgente.
O oceano é azul, a competição ainda é pequena e a oportunidade de geração de valor é imensa.
Quem viver verá.
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